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domingo, 6 de dezembro de 2015

EUROPOLITIQUE: Investimento chinês em Angola e Moçambique


Com uma previsão de 5 anos no preço baixo de petróleo, Angola procura apoio financeiro  no seu parceiro chinês. A China procura investir nada menos de 60 mil milhões de dólares em África.
Calcula-se que 200 mil chineses estejam ligados à cooperação entre Angola e a China, nos mais intrincados processos financeiros e empresariais, cujas parcerias funcionam numa roleta que gira dos grandes projectos até à venda de camiões de cimento angolano pela fronteira do Luvo.
O combate à fome e pobreza é a bandeira diária do Jornal de Angola.
O universo da CPLP, com os seus 270 milhões de cidadãos, caracteriza-se por territórios com abundância de terras aráveis e água, excepto Cabo Verde, onde predominam 30 milhões de pessoas que passam fome. Se, nos últimos 15 anos, o Brasil reduziu este flagelo da fome em 50%, Timor Leste em 45%, S. Tomé e Príncipe e Angola em 70%, as questões da pobreza e seus limiares estão muito longe de serem ultrapassados.
Claro que os empréstimos chineses são benéficos para o crescimento dos países africanos, mas a política do desenvolvimento das condições de vida não pode depender somente do dinheiro dos chineses. As instituições, a sociedade civil e as organizações estatais devem implementar instrumentos e ferramentas de desenvolvimento social que incrementam uma dinâmica de sustentação destas políticas. A “consciência cívica” e a “consciência social” estão ainda num processo rudimentar no desenvolvimento da cidadania, em que se permite desbaratar 2 milhões de dólares num cartão de crédito, como 800 milhões numa empresa de pesca, para citar Moçambique, deixando os angolanos em estrelas de esbanjamento.
Pedir aos chineses para erradicar a fome ou a pobreza é substituir-se a um plano de trabalho que compete aos nacionais, tal como o desperdício do gás angolano depende da sua inércia ou incapacidade de saber usá-lo.
Se, o Brasil desencadeou o “movimento sem terras”, Angola e Moçambique debatem-se com a “distribuição de terras”,  com a “deslocação de povoações”,  com a “imigração para as cidades”, com a “desertificação dos campos” , com o “desenraízamento social” com a luta entre “autoridades tradicionais” e “autoridades legais”, com “tradições e costumes” e a “implementação do direito”, sobretudo com a “terra legal”  - essa que pertence à população e a “terra nacional ou nacionalizada”, já que a toda a terra pertence ao Estado. Ou seja, a passagem da subordinação a um “regime marxista”, onde o poderoso Estado pontifica, para o regime de economia aberta em que o Estado regula, ainda está longe dos passos que deviam ter sido dados.
As condicionantes que implicam que Timor Leste detenha 70% da sua população dedicada à agricultura, não são as mesmas que se aplicam a Angola e Moçambique, onde o mapeamento de terras e a aplicação de técnicas agrícolas carecem de informatização e de regulamentação jurídica.

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